ANTÓNIO MANSO PRETO

22, Antwerp/Porto
video, publication, sculpture, photography, archive, text, research, homoafectiveness, apropriation and loneliness
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During the months of February until August 2022, both lived in Antwerp. Both work processes depend on a freezing act, a sort of fleeting-flash-image of a relationship and a shared research motif: how death and the ritualistic production of objects and signs around it, can affect the personal. Whatever medium is being acted upon, a necessity surges to think - or to deal - with death and this transient space that is created between lived and produced experience.
Between two houses, there was a relationship with the camera that was never strange. Very similar to the relationship that one can have with death, this kind of surreptitious friendship that can be both comfort, surrender and confidence. And, like writing, filming demands a certain continuity, whether or not it runs the risk of falling into a diaristic act. Writing requires more writing, just as filming requires more filming.
The filming, never the film, was Derek Jarman's motto, which encapsulates a way of working with media that are close and dear to us. The process (as an experience) has as much or more importance than the final product.
Between two houses, there was a relationship with the camera that was never strange. Very similar to the relationship that one can have with death, this kind of surreptitious friendship that can be both comfort, surrender and confidence. And, like writing, filming demands a certain continuity, whether or not it runs the risk of falling into a diaristic act. Writing requires more writing, just as filming requires more filming.
The filming, never the film, was Derek Jarman's motto, which encapsulates a way of working with media that are close and dear to us. The process (as an experience) has as much or more importance than the final product.
Quando voltei a Portugal apercebi-me da necessidade que se levantou de trabalhar com um arquivo de dezenas de horas de vídeo.
Se, por um lado, apareceu um filme-diário por vir (ou seja, à espera
de ser tornar filme), por outro, desembrulharam-se sobre uma mesa
todas as possibilidades de um banco de imagens em movimento.
Foi importante, antes do filme existir enquanto filme, tornar-se texto, no sentido em que existe na sua primeira forma no formato de livro. Um filme folheável, portanto.
O cinema, tal como a escrita, torna-se tarefa.
Lígia Flores, fala-nos de um cinema sem filme, como proposta necessária para pensar as possibilidades do trabalho cinematográ- fico. A tarefa que é o cinema, e a tarefa do cinema:
“Possibilidade de alucinar aquilo que (não) está lá sob o sol, à luz da claridade cegante da neve, da areia do deserto, da terra seca do sertão – imagens transpassadas pelo desejo de revolução. Alucinar a revolução. Alucinar a história. Criar bifurcações, outros possíveis.”
O cinema, tal como a escrita, torna-se tarefa.
Lígia Flores, fala-nos de um cinema sem filme, como proposta necessária para pensar as possibilidades do trabalho cinematográ- fico. A tarefa que é o cinema, e a tarefa do cinema:
“Possibilidade de alucinar aquilo que (não) está lá sob o sol, à luz da claridade cegante da neve, da areia do deserto, da terra seca do sertão – imagens transpassadas pelo desejo de revolução. Alucinar a revolução. Alucinar a história. Criar bifurcações, outros possíveis.”
11 de outubro, 1963. Jean Cocteau acorda com as noti-cia da morte de Edith Piaf.
“Ah, la Piaf est morte. Je peux mourir aussi”, e terá morrido mais tarde de um ataque
cardíaco. De Père-Lachaise e de Milly-la-Forêt, vieram emprestadas as fotografias
das suas lápides para que o seu leito de morte seja duplo, finalmente.
October 11, 1963. Jean Cocteau wakes up to the news of Edith Piaf's death. "Ah, la Piaf est morte. Je peux mourir aussi," and died later of a heart attack. From Père-Lachaise and Milly-la-Forêt, the photographs of their tombstones have been borrowed so that their deathbed can be double, finally.
Shown at “Ficção como Cesta”
October 11, 1963. Jean Cocteau wakes up to the news of Edith Piaf's death. "Ah, la Piaf est morte. Je peux mourir aussi," and died later of a heart attack. From Père-Lachaise and Milly-la-Forêt, the photographs of their tombstones have been borrowed so that their deathbed can be double, finally.
Shown at “Ficção como Cesta”
sobre bataille, o caminho, foz-côa, e as coisas que embora nunca descodificadas estarão para sempre inscritas.
32pp, 10 copies (maybe more)
“ Se olho estas paredes, e sem as compreender
Choro e leio nelas a consciência mais profunda
de que haverá sempre uma testemunha.
Para qualquer teatro uma audiência,
Para qualquer morto um pranto,
Para qualquer corpo o apetite. ”
32pp, 10 copies (maybe more)
“ Se olho estas paredes, e sem as compreender
Choro e leio nelas a consciência mais profunda
de que haverá sempre uma testemunha.
Para qualquer teatro uma audiência,
Para qualquer morto um pranto,
Para qualquer corpo o apetite. ”












São bons ventos os que trazem o projeto A Leste até a BM23. Com eles chegam promessas de dias soalheiros e simultaneamente de tempestades.
No decurso da Bienal, esta comunidade de afetos, de experimentação transdisciplinar e reflexão crítica, transporta-se do Porto para a Maia. No espaço expositivo, propõe-se criar uma instalação performativa, híbrida e orgânica, que se auto define como um “local de partilha, empatia, multi-pluri-trans”. É nesse lugar de fruição, ao mesmo tempo de relaxamento e festa, de discussão e partilha, de exposição e pensamento – em permanente estado de ativação – que decorrem quatro momentos performativos que convidam à participação da comunidade: um projeto colaborativo dos artistas Leonor Parda e António Manso Preto; uma performance do bailarino e coreógrafo António Ónio; uma outra, da artista multidisciplinar FER, cuja prática se move entre a performance, a música e o teatro; e finalmente, a festa, que contará com as participações do artista visual e músico Pisitakun Kuantalaeng, bem como de FER, Onio e Parda.
Ocupando o lugar se transforma o lugar, se transforma o mundo. A Leste na Bienal da Maia é de alguma forma um epíteto de uma Bienal que se pretende afirmar como um espaço de “utopias realizáveis”.
(texto de Carla Santos Carvalho)
No decurso da Bienal, esta comunidade de afetos, de experimentação transdisciplinar e reflexão crítica, transporta-se do Porto para a Maia. No espaço expositivo, propõe-se criar uma instalação performativa, híbrida e orgânica, que se auto define como um “local de partilha, empatia, multi-pluri-trans”. É nesse lugar de fruição, ao mesmo tempo de relaxamento e festa, de discussão e partilha, de exposição e pensamento – em permanente estado de ativação – que decorrem quatro momentos performativos que convidam à participação da comunidade: um projeto colaborativo dos artistas Leonor Parda e António Manso Preto; uma performance do bailarino e coreógrafo António Ónio; uma outra, da artista multidisciplinar FER, cuja prática se move entre a performance, a música e o teatro; e finalmente, a festa, que contará com as participações do artista visual e músico Pisitakun Kuantalaeng, bem como de FER, Onio e Parda.
Ocupando o lugar se transforma o lugar, se transforma o mundo. A Leste na Bienal da Maia é de alguma forma um epíteto de uma Bienal que se pretende afirmar como um espaço de “utopias realizáveis”.
(texto de Carla Santos Carvalho)